Recessão econômica

Recessão econômica

Entenda o que é, suas causas e consequências 

Uma recessão econômica é um período de queda na atividade econômica, caracterizada por redução na produção, aumento no desemprego e queda na renda. A recessão técnica é geralmente definida como dois trimestres consecutivos de queda no PIB. A recessão pode ser causada nas políticas econômicas, queda na demanda ou choques externos. 

As crise e recessões econômicas são frequentes na história. Isso por que a economia vive de ciclos de altas e baixas. Por mais que nossa vida seja materialmente melhor do que a dos nossos antepassados, chegar aqui não foi um trajeto fácil em linha reta. Vários momentos difíceis e de apertos financeiros foram presenciados. 

Neste artigo, você vai aprender o que são as recessões econômicas, o que as causam e suas principais características. Também vai descobrir como investir em momentos em que a economia está em retração e o comportamento do mercado de maneira geral. Leia até o final e esteja preparado para a próxima crise econômica. 

O que é uma Recessão Econômica? 

Como você vê nos noticiários, a atividade econômica apresenta flutuações, isto é, às vezes, ela cresce, outras vezes diminui. Esses períodos de altas e baixas também são conhecidas como "ciclos de negócios". 

Na maioria dos anos, é comum que os países façam suas economias crescerem, pela própria dinâmica de produtividade, consumo, oferta e demanda que se expandem pelo progresso tecnológico, produtivo, crescimento populacional e outros fatores. 

Contudo, há períodos na história em que as nações apresentam retração, o que é normal. Esses períodos é o que chamamos de recessão econômica
"Uma recessão econômica acontece quando há um período de queda do PIB, da renda real, aumento do desemprego, ociosidade da indústria e outros indicadores".
Ou seja, os economistas caracterizam as recessões quando os países veem seu PIB encolher, o que na prática significa produzir menos produtos e serviços, além de uma retração nas medidas de renda mais relevantes. 

As recessões são marcadas também pelo crescimento do desemprego, ociosidade dos produtores, queda no padrão de vida da população, entre outros fatores que conheceremos à frente. Além disso, também há o conceito de depressão econômica, que nada mais é do que uma recessão em um nível mais grave, como o que aconteceu nos pós-crise de 1929 e 2008. 

O que é a Recessão Técnica? 

Entrando um pouco mais no jargão econômico, vamos compreender o que é a recessão técnica. Como vimos no tópico anterior, uma das principais medidas para avaliar se uma economia está crescendo ou decrescendo é o PIB (a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país em determinado período). 
"A recessão técnica acontece quando o PIB de uma não cai por dois trimestres consecutivos. O conceito não considera outras medidas, como emprego, renda produção industrial, inflação etc".
Mas essa retração significa que o país de fato está em recessão econômica? Esse é um conceito mais teórico do que útil para cravar uma retração de fato. 

O problema de tirar conclusões apenas pelo PIB é que, em períodos de estabilidade, quase toda a economia pode estar indo bem, mas um único setor relevante pode sofrer um choque ou estímulo e trazer o resultado para baixo ou para cima. 

Então, uma recessão econômica de fato ocorrerá quando houver uma convergência de vários indicadores, não apenas o resultado numérico visto pelo PIB. Entre esses fatores, os especialistas analisam: 
  • Mercado de trabalho 
  • Produção da indústria 
  • Setor de serviços 
  • Vendas no comércio 
  • entre outros.
Assim, um país pode entrar em recessão técnica, mas não entra em recessão econômica de fato. Portanto, a recessão técnica acende um alerta importante, mas não caracteriza completamente quando um país entrou ou saiu de uma recessão econômica. 

Consequências: quando um país está em recessão ou em crise econômica? 

Com esses dois conceitos compreendidos, podemos nos perguntar: quando um país está em recessão? 
E quando ele está em crise? 

Primeiro: uma crise econômica pode não incluir uma recessão. Por outro lado, uma recessão sempre é decorrente de uma crise econômica. Isso acontece porque as crises se caracterizam por serem mais temporárias, de curto prazo e afetar menos a economia de modo estrutural. 

Já as recessões são mais duradouras, afetam a economia estruturalmente e apresentam uma mudança radical na direção do crescimento que será difícil contornar. Portanto, entre causas e consequências, um país estará em recessão quando há, em conjunto: 
  • Queda no PIB: menor produção de bens e serviços; 
  • Menos serviços: se o PIB decresce, é comum também observar vertiginosa queda no setor de serviços; 
  • Aumento do desemprego: crescimento na demissão de trabalhadores que não se recolocam imediatamente, além do aumento da informalidade; 
  • Queda na renda: o desemprego leva à redução da renda das famílias, que também podem sofrer mais se o país também passar por inflação. Lembrando que o aumento dos preços pode ocorrer por outros fatores além da demanda; 
  • Endividamento das famílias: sem renda, as famílias se endividam para manter as necessidades básicas de consumo; 
  • Comércio vende menos: com mais desempregados, o comércio vê seu nível de vendas cair; 
  • Aumento da pobreza e da fome: a redução da renda e o crescimento do desemprego também provocam outros efeitos nefastos - sobem os níveis de pobreza, fome e insegurança alimentar; 
  • Ociosidade na indústria: fábricas ficam mais ociosas e não utilizam toda a sua capacidade e também não contratam funcionários; 
  • Menores lucros das empresas: se as empresas vendem menos, pois estão ociosas e a população tem menor renda, seus lucros também caem. Também podem aumentar os números de fechamento de empresas. 
Esses são alguns dos indicadores mais analisados pelos economistas ao identificar as recessões, mas há muitos outros que podem tornar a leitura mais completa. 

O que causa uma Recessão Econômica? 

Todos os países do mundo vão enfrentar flutuações econômicas de curto prazo que podem ou não levar a recessões durante vários períodos da história. Lembre-se que os ciclos econômicos são totalmente irregulares e imprevisíveis. 

As recessões econômicas são causadas pelos choques que acarretam em crises econômicas e que afetam os indicadores macroeconômicos mais relevantes que flutuam em conjunto. Os exemplos mais recentes são os choques provocados por: 
  • Guerra comercial EUA x China 
  • Pandemia de Convid-19 
  • Escassez de chips e semicondutores na indústria 
  • Crise na cadeia produtiva global 
  • Crise logística e congestionamento nos portos em vários locais do mundo 
  • Conflito Rússia-Ucrânia 
  • Inflação recorde nas principais nações do mundo 

Recessão causada pelos ciclos econômicos 

Além disso, as recessões acontecem por que, como dito antes, a economia é cíclica. Quando ela cresce, mais pessoas compram e mais empresas vendem. Assim, as firmas precisam contratar mais gente e recursos para continuar atendendo a demanda. 

Com isso, o desemprego cai. A ocupação e não-ociosidade podem chegar a níveis tão baixos que as companhias têm dificuldade de encontrar trabalhadores que não estejam já empregados. Então, só restam os funcionários dos concorrentes e, para tirá-los de lá, oferecem maiores salários. 

Nesse momento, os salários podem subir mais rápido que a produtividade do trabalho. Então fica mais caro produzir qualquer coisa. Isso faz com que os produtos importados fiquem mais baratos e atrativos, prejudicando as empresas nacionais que, daí, voltam a dispensar os trabalhadores por causa das vendas menores. 

Ademais, com o aumento dos salários, o consumo também acelera, empurrando a inflação para cima. Para combatê-la, o governo sobe os juros. Então, o crédito fica mais caro e inibe novos investimentos que fazem a economia crescer. 

A questão não é se vai acontecer uma recessão global e sim quando ela vai chegar. Essa é uma simplificação para que você entenda o funcionamento dos ciclos, uma vez que há mais variáveis envolvidas além das citadas. 

O que é uma Recessão Global? 

Uma recessão global é quando as principais economias do mundo apresentam recessões simultâneas e o PIB mundial cai. Isso pode ser mais simples de acontecer do que parece, pois a globalização criou uma grande comunidade econômica internacional. 

Ou seja, recessões econômicas em países como EUA, China, Alemanha, Reino Unido, Índia, Brasil, Japão e muitas outras que compõem o G7, o G20 e os membros da OCDE podem provocar efeitos cascata em todo o planeta. 

As atenções também se voltam fortemente para a China, que tem sido o motor do crescimento mundial recente e já dá indícios de menor crescimento. Os chineses, aliás, são os principais parceiros comerciais do Brasil. 

O que é inversão da curva de juros? 

Em alguns países, como os Estados Unidos, a inversão da curva de juros costuma ser prenúncio de uma recessão. Como o próprio nome sugere, a curva de juros deve ter um formato normal, que é o positivamente inclinada. 

Imagine que o eixo horizontal seja o tempo, e o vertical, a taxa de juros. Logo, quando falamos em taxa de juros positivamente inclinada, isso significa que a de curto prazo é mais baixa e, a de longo prazo, mais alta. Essa é a curva de juros padrão da economia. 

Na prática, isso significa que entre um título de curto e outro de longo prazo, você terá uma remuneração mais alta nesse último. E o motivo é simples: teoricamente, quanto maior o prazo do título, mais risco ele oferece, pois ele está sujeito às oscilações da economia por mais tempo. 

Em momentos normais da economia, digamos que um país emita um título público com vencimento para dois anos a uma taxa de 5% ao ano. Se ele quiser emitir um título por um prazo maior do que esse, precisará oferecer uma taxa maior para atrair investidores. 

Porém, quando existem indícios de uma recessão se aproximando, essa lógica se inverte. Nesse caso, por causa da aversão ao risco, os juros de curto prazo se tornam maiores do que os de longo prazo. Por falta de confiança nas condições futuras da economia, o investidor prefere comprar um título de longo prazo com uma taxa menor. Dessa forma, consegue ao menos garantir alguma remuneração e evitar maiores perdas. 

O Brasil está em Recessão? 

Como vimos, a taxa de juros subiu, e o motivo foi conter a inflação. No entanto, a alta de juros em países desenvolvidos costuma ocasionar saída de capital dos emergentes. Com juros mais altos em portos mais seguros, os investidores acabam migrando seus recursos para essas localidades. 

Quando isso acontece, o dólar se valoriza frente a moedas mais fracas, e bolsas de valores ao redor do mundo começam a registrar quedas. Apesar da alta dos juros nos EUA, a inflação está bastante espalhada por diversos itens. 

Por isso, há o receio de que, por lá, ela dure mais do que o esperado. Além dos estímulos econômicos que o governo concedeu durante a pandemia, os reflexos da paralisação das empresas durante esse período ainda são sentidos na economia do país. Lembrando que a guerra entre Rússia e Ucrânia também impactou a distribuição de produtos, o que contribuiu para pressionar os preços para cima. 

Ou seja, nossos indicadores econômicos até podem não estar tão ruins. No entanto, considerando o atual cenário econômico bastante adverso, há mais motivos para cautela e preocupação do que para comemorações. 

Como o mercado e investidores se comportam durante uma recessão? 

E no mercado de investimentos, o que acontece durante uma recessão? Como vimos, os impactos são bastante severos na economia e, por isso, a cautela e a incerteza passam a ser significativamente maiores. Entre os principais efeitos, podemos observar: 
  • Volatilidade: a oscilação dos preços tende a ficar maior em recessões. 
  • Onda de negatividade: notícias e indicadores econômicos corroboram o clima de pessimismo. 
  • Preferência pela liquidez: em cenários incertos, pode haver uma preferência maior para investimentos com prazos de resgate menores. 
  • Aplicações mais seguras: ativos como o ouro e o dólar despontam como portos seguros para proteger o patrimônio. 
  • Renda fixa: se houver aumento dos juros, a tendência é aumentar o interesse por aplicações de renda fixa. 
  • Procura por empresas mais sólidas: os investidores dão prioridades às ações de companhias e setores mais sólidos e que já passaram por outras crises com mais resiliência. 
  • Bear Market: as Bolsas de Valores podem enfrentar longos períodos de cotações em baixa, uma vez que os investidores tendem a se tornar mais avessos ao risco e proteger seu patrimônio. 

Quais são os impactos nos investimentos? 

Como vimos, uma recessão ocasiona impactos muito duros na economia como um todo. E isso se reflete também nos investimentos, pois o mercado passa a apresentar mais risco. 

Em períodos de retração econômica, a volatilidade do mercado acionário costuma ser bem maior. Para se adaptarem à redução da demanda, as empresas também enxugam produção e gastos. Isso faz com que os seus resultados diminuam, o que se reflete também no preço de suas ações. 

Quem permanece na bolsa, acaba preferindo ações de companhias mais sólidas, que atuam em segmentos mais tradicionais da economia. Dessa forma, reduz a procura por ações de empresas novatas, pois, embora muitas delas tenham grande potencial de crescimento, poderão ter dificuldades em concretizar o planejamento de longo prazo. 

Além disso, a recessão econômica traz uma onde de negatividade entre os investidores. Com notícias ruins no mundo todo e indicadores financeiros pouco atraentes, o pessimismo acaba tomando conta do mercado. Isso faz com que as pessoas prefiram investimentos mais seguros e mais líquidos, pois pode ser, a qualquer momento, seja necessário sacar os recursos para fazer frente a alguma necessidade financeira. 

Ainda em relação à segurança, a renda variável passa a ser mais atrativas em momentos de instabilidade econômica. Ainda mais se as taxas de juros estiverem em alta, pois dessa forma pode-se obter melhores retornos sem correr o risco da renda variável. 

Portanto, períodos de recessão exigem uma diligência ainda maior por parte do investidor em relação a sua carteira. Para quem tem um perfil mais arrojado e decide permanecer na bolsa, é melhor dar preferência às empresas mais resilientes e com melhores fundamentos. 

Além disso, é ainda mais importante ter um horizonte de longo prazo, pois esses momentos podem durar mais do que o previsto. Já quem é mais conservador, pode ser um bom momento de aumentar a participação da renda fixa na carteira. De qualquer forma, manter uma boa diversificação é fundamental para sua carteira de investimentos.  

O principal objetivo é que você se aprofunde mais nos estudos para saber quais são as boas oportunidades que a tecnologia pode trazer para os seus investimentos, principalmente no longo prazo. Se gostou do artigo, curta e compartilhe conhecimento. Gratidão por ler até aqui... 

Implementação: 

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Um Cisne Negro é um evento que reúne três características principais: é altamente improvável, produz um enorme impacto e, depois que acontece, inventamos uma explicação que o faça parecer menos aleatório e mais previsível do que de fato é. Para Nassim Nicholas Taleb, esse fenômeno está na base de quase tudo que acontece no mundo - da ascensão das religiões aos acontecimentos em nossas próprias vidas. O incrível êxito do Google, por exemplo, foi um Cisne Negro, assim com o Onze de Setembro. Por anos, Taleb estudou sobre a forma como nos enganamos ao achar que sabemos mais do que na verdade sabemos. Segundo ele, fixamos nosso pensamento em dados irrelevantes, enquanto eventos maiores continuam a nos surpreender e a moldar o mundo. Esta nova edição apresenta um ensaio com ferramentas para navegar e explorar um mundo de Cisnes Negros. Elegante, surpreendente e com reflexões de alcance universal, este livro nos mostra como parar de tentar prever tudo - e tirar proveito da incerteza. Boa leitura... 

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